Sua horta
A colheita
A horta, além de fazer bem à saúde, pode fazer bem aos olhos também! E você poderá chegar em casa, colher sua própria rúcula, sua alface, seus temperos, usar o seu tomate na salada e ainda ter a oportunidade de observar de perto como os alimentos crescem. E passar esses conceitos para as novas gerações, se alimentando dessa vida que é gerada por suas próprias mãos.
“Sendo assim, não é sem fundamento o fato de as pessoas se perguntarem
umas às outras, antes de qualquer coisa, pelo estado de saúde e desejarem
mutuamente o bem-estar. Pois realmente a saúde é, de longe, o elemento
principal para a felicidade humana.”
Arthur Schopenhauer, in ‘Aforismos para a Sabedoria de Vida’
A semente
E eis que, séculos após Schopenhauer, parecemos ainda não dar à saúde o protagonismo que ela merece. Nem ao menos na hora de nos alimentarmos. Ao invés de cascas, vemos nossos filhos abrindo caixas de papelão. No lugar dos sons da natureza, o barulho é de sacolas de plástico. Nos rótulos, ingredientes foram substituídos por palavras que sequer podem ser encontradas em dicionários. Nos programas de televisão, uma numerosa e jovem geração não sabe diferenciar uma batata de uma beterraba. Foi nesse cenário, em Los Angeles, uma das maiores metrópoles urbanas dos EUA, que comecei a transformar pequenos espaços em jardins comestíveis. A ideia era voltar ao tempo em que a comida ainda era cultivada, cuidada e observada com carinho, diariamente. Afinal, você precisa comer todos os dias. E se você é o que você come, nada melhor do que estabelecer uma conexão diária e simples com algo que é tão vital à saúde.
Ainda hoje, na Europa e até mesmo aqui no Brasil, visito antigas casas cujos projetos arquitetônicos separaram alguns metros quadrados para uma horta. Lamentavelmente, a maioria está desativada. No entanto, o espaço está lá, foi pensando para isso. Meu desafio faz parte de um movimento contemporâneo de resgate desses metros quadrados. Onde quer que eles estejam!
Aqui, no Rio de Janeiro, a minha intenção com o Paisagismo Comestível é conseguir reativar essa concepção de plantar o que se come. E trazer isso ao maior número de pessoas possíveis. Um sonho que começamos a semeá- lo agora.”
Samantha De Lucena Caldato